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"Os que confiam no Senhor são como monte de Sião, que não se abalam mas permanecem para sempre"

domingo, 14 de junho de 2015

O perigo de ser membro de uma denominação

Certa vez ouvi de um servo de Deus que a igreja é um lugar muito perigoso. Pois a vida em comunhão nos expõe, nos desafia nos convida a conviver com a contradição e a natureza humana de indivíduos que deveriam substituir essa natureza pela de Cristo.
 A cada dia que passa vejo mais e mais que essa é uma grande verdade. A possibilidade de que você será ferido, magoado ou humilhado de algum modo por congregar em uma família de fé é bem plausível, visto que estará convivendo e se abrindo para pecadores cheios de falhas – embora em busca de santificação.
 Na minha visão a segunda pessoa mais importante numa congregação depois de Jesus é o triste, o abatido, o deprimido, o humilhado, o abandonado, o desesperado, o indigno, o ferido que em outras palavras, inconscientemente querem permanecer invisíveis. O que essa constatação deve gerar em cada um de nós? Como devemos agir com relação a essas pessoas feridas?
 Devemos parar de ir à igreja porque podemos acabar saindo dela com o coração dilacerado? A resposta é um grande não, porque embora o mais frequente seja a decepção com os líderes ou outros membros. Sim, porque paredes e templos não ferem ninguém: quem fere são pessoas. Pastores que usam de autoridade desmedida e humilham ovelhas publicamente.
 Irmãos que discriminam pela classe social e pela cor da pele. Pastores que não mantém o sigilo pastoral sobre pecados a eles confessados. Irmãos que usam de artimanhas para tomar “cargos” de outros. Pastores que em vez de ajudar a pôr de pé os caídos esmagam ainda mais o crânio de quem está no chão.
 Irmãos que não demonstram coração perdoador. Pastores que usam o púlpito para fazer desde propaganda política a publicidade de revistas e DVDs. Irmãos que ignoram quem não conhecem e compartimentalizam a igreja em panelas.
 Pastores que agem em causa própria e deixam vidas humanas à própria sorte. Irmãos que não estendem a mão quando mais se precisa de ajuda. Pastores que prometem o que Deus não promete. Irmãos que discriminam da “falta de fé” à forma de se vestir de outros e os consideram cristãos de segunda classe.                                                                                                                               Em comum a todos os casos, o que ficou visível foi uma deficiência no amor ao próximo e a prevalência do interesse próprio.
E essas são só as causas mais frequentes que detectei entre os feridos na igreja. Há mais. A quantidade e a variedade de formas pelas quais é possível ferir alguém por estar inserido no ambiente de uma família de fé são muitas, algumas surpreendentes. E isso é um chamado à responsabilidade para todos nós.
 Os desmandos cometidos por lideranças eclesiásticas, esses problemas se multiplicam tanto que se tornaram visíveis para cada vez mais pessoas – cristãs ou não.
No que tange à liderança, nunca podemos nos esquecer de que há muitos líderes que sabem cuidar de ovelhas, que as põem acima de si mesmos e que entendem que a vocação pela qual Deus os chamou é sobre Jesus e sobre o próximo e não sobre si e que não deixam a vaidade, a prepotência ou os projetos pessoais interferirem no cuidado e no amor pelos irmãos.
 São muitos e estão por aí, em igrejas de diferentes denominações, em diversas regiões do país, em bairros ricos e pobres. O ministério pastoral não entrou em colapso devido ao fato de que há os que pastoreiam com compaixão e graça, com amor e carinho, com cuidado e zelo. Há sim os que usam o púlpito como emprego estável ou os que não entendem a profundidade do amor de Deus e por isso não o refletem em seu pastoreio, mas as maçãs podres ou contaminadas devem servir acima de tudo para nos lembrar de que há maçãs maduras e que alimentam.
 E ainda há muitos homens de Deus à frente de igrejas, é só ter paciência de procurar e pedir discernimento ao Senhor. Recusar ser bem pastoreado é recusar um maravilhoso presente que Deus nos dá.
Já no que tange aos membros, é preciso lembrarmos sempre do velho clichê (que é verdadeiro) de que a igreja não é um museu de santos, mas um hospital de pecadores. Todos, absolutamente todos os membros de uma igreja, são pecadores. Ninguém escapa. Pode ter certeza que o mais santo de todos tem no mínimo pensamentos horripilantes.
 Agostinho teve John Wesley teve Davi teve Salomão teve Paulo teve Pedro teve, eu então nem se fala. Só que isso, em vez de nos afastar da igreja, deve produzir em nós um sentimento de misericórdia, por saber que o próximo é tão pecador como nós e é tão passível de erro como eu e você. Há pessoas responsáveis por atividades importantes dentro de igrejas que cometem pecados cabeludos e, em vez de fugir delas, precisamos orar por elas para que sejam libertas, que alcancem o perdão e para que seus pecados não interfiram na missão que Deus lhes confiou.
 Sempre digo a quem está decepcionado com os irmãos que, se vemos alguém que julgamos ser um “mau cristão”, em vez de empurrá-lo para longe devemos nos aproximar para influenciá-lo positivamente. Pois é o que se encaixa na graça de Deus. Não o medo, mas a coragem.
No que tange a nós mesmos, precisamos lembrar que mesmo sendo a igreja uma assembleia de pessoas imperfeitas e potencialmente passíveis de nos machucar, é onde cultuamos a Deus em comunhão, é onde celebramos o memorial coletivo da Ceia do Senhor. É onde ouvimos pregações (sim, muitas vezes feitas por sacerdotes cheios de falhas) que vão nos edificar, consolar e exortar. É onde podemos encontrar aqueles que de outro modo não saberíamos que precisam de uma mão estendida.
É onde os perdidos tocados por Deus vão, em busca de algo a que a cruz na porta remete em termos espirituais. Já achei baratas no meu prato, comi alimentos estragados em restaurantes, mas não é por isso que vou deixar de ir a restaurantes, pois preciso me alimentar. O medo de comer em outro restaurante não é benéfico, pode me gerar inanição. Assim como o medo de ir a uma igreja porque nos decepcionaram em outra não provém de Deus.
 Se a igreja é um lugar perigoso, é um lugar para os corajosos um erro não justifica o outro. Você já se decepcionou com um líder e/ou um irmão da igreja? Eu sim. Só que o que o outro faz não depende de nós. O que temos poder para mudar é agir a partir de outra pergunta: você já decepcionou um líder e/ou um irmão da igreja? Eu sim. E se você, como eu, reconhecer que causou o mal a alguém, mesmo que tenha sido de modo involuntário, aí está diante de si a grade oportunidade de começar a mudar o que está ruim: procurando mudar ou pelo menos melhorar a si mesmo.
Pois, no que eu mudo e me torno um cristão melhor, uma ovelha menos manchada para meu pastor e um irmão menos decepcionante para os membros da igreja, aí sim estou contribuindo com meu exemplo e minha atitude pessoal para que o Corpo como um todo seja aperfeiçoado.
Então, se fomos feridos na igreja, devemos começar por fazer uma análise de nós mesmos e ver em que pontos nós ferimos os outros. Eliminando esses pontos serviremos cada vez mais de exemplo. Quanto aos que nos feriu, a dor permanecerá pelo tempo que o luto durar e isso independem de nós.
Quantas vezes podemos perdoar? Setenta vezes sete? Todas. Sempre. Repetidamente. E não perdoe só da boca para fora, porque isso é fácil para qualquer um fazer. Perdoe em atitude. Sendo bom para quem te feriu. Ajudando-o. Estendendo a ele benefícios. Auxiliando no que ele precisar. Orando a Deus por sua vida. Essas são as maneiras bíblicas de agir com quem nos machucou. Não importa como o outro se comporta, importa como você se comporta. Faça sua parte. Pense menos em si e mais em Cristo.
A mudança começa em nós. Menos dedos apontados, mais lágrimas no travesseiro. E quando você conseguir ser alguém melhor ajude os demais. A começar estendendo amor de forma prática a quem te fez mal. E aí haverá festa no Céu, porque você poderá estar sendo instrumento nas mãos de Deus para levar um pecador a se arrepender. Minha esperança é que para cada ferido “em nome de Deus” apareça um bom samaritano que venha a cuidar de suas feridas. E, isso sim, será verdadeiramente feito em nome do perdoador, misericordioso, amoroso e gracioso Deus.



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