Refletindo sobre a
obediência cega
"Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento,
os quais com freios e cabrestos são dominados" (Sl 32.9).
Na minha curta caminhada cristã tenho-me deparado com várias
situações deprimentes entre irmãos. Digo isso não porque sou perfeito ou melhor
que ninguém (Fl 2.3), mas pelo fato de não ser, nem um pouquinho, admirador de
hipócritas (Mt 23), nem muito menos costumo agir como eles. Pelo contrário,
sempre, procuro melhorar a cada dia, tendo a infinita graça de Deus como pilar
indispensável à minha vida.
Como de costume - para variar... (risos) -, serei objetivo em
minhas singelas palavras e começarei por uma pergunta: “Por que muitos de nós,
ao ouvirmos quaisquer palavras de alguém que tem ‘posição’ na igreja, as
recebemos e assimilamos passivamente, sem que antes façamos uma básica
reflexão, na mais medíocre das hipóteses”? Onde há pecado em se refletir
profundamente sobre o que nos é transmitido, independente de quem seja a pessoa
ou de que 'patamar' esteja falando?
Às vezes um cavalo preso a uma levíssima cadeira de plástico
pode morrer se não houver quem o liberte. Já entendeu a mensagem aí? Se não,
explicarei: Quantas pessoas, sem refletir aceitam palavras de outros,
permanecendo reféns de uma obediência cega? Esses crentes sequer percebem que
são livres, e que o Evangelho de Cristo Jesus já nos outorgou a verdadeira
liberdade (2 Co 3.17; 1 Co 3.16), que não deve ser confundida com libertinagem.
A obediência cristã verdadeira não é cega. A obediência cega
só faz sentido na caserna. O militar sim precisa obedecer cegamente. O homem de
fé questiona a outro homem falível até o fim e só após estar convicto do
significado, diz sim.
Será que realmente nos damos o direito de questionar a ideia
que fazemos de Deus, ou tudo o que falam dele é inquestionável? Se
não, é porque não somos capazes de obedecer realmente, pois quem não questiona,
não entende, não elabora nem pode assumir como verdade. Só é possível
assumir de fato uma verdade quando a questionamos, a pesquisamos, a enxergamos
sob vários ângulos e principalmente, quando nos damos o direito de duvidar e de
esclarecer as nossas dúvidas. Só diante da resposta que obtivermos, depois de
entendermos o seu significado, podemos dizer sim.
A Igreja nos propõe dezenas de dogmas. Quem de nós já
questionou esses dogmas?
A quem assume que não entende os dogmas, meus parabéns! Isso
indica que você está no bom caminho, porque os dogmas não foram criados para
serem engolidos, mas para serem refletidos longamente, às vezes por anos, para
que então possam verdadeiramente ser compreendidos em seu significado. Só então
é possível assumi-los como verdade, e não antes disso.
Será que fazendo assim deixaremos de ser crentes?
Que todos nós ultrapassemos a obediência cega e façamos dela
um ato de vontade própria, consciente, livre e responsável. A cegueira não nos
leva a nenhuma resposta existencial na vida. Assumir o verdadeiro significado
da vida é o que nos faz existir.
Não hajamos "como" o cavalo, pelo amor de Deus (At
17.11; 1 Ts 5.21)! Já bastam os cavalos, mulas, burros etc. para serem
montados...
Para poder obedecer a um porta voz, é preciso entender o
porquê se deve obedecer, afinal de contas “nem sempre a voz do povo é a voz de
Deus”.
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