Por
que Deus prioriza o homem na família e no ministério?
“As doutrinas são dos homens. Os dons vêm de
Deus”. Creio que muitos irmãos (mulheres e homens) ainda não aprenderam que
Deus adotou o princípio da prioridade, quando deu ao homem a incumbência de
liderar a família e o ministério.
Mulheres podem pregar o Evangelho, orar
pelos enfermos e desempenhar todas as tarefas de um seguidor de Jesus? Sim.
Elas fazem parte da Grande Comissão? Sim. São cooperadoras de Deus? Sim. Então,
por que não poderiam ser pastoras? Como sou homem, talvez a minha resposta a
essa pergunta soe como machista. Por outro lado, quando mulheres defendem
pontos de vista contrários ao machismo, alguns homens ficam com a impressão de
que elas são feministas. Como resolver esse difícil impasse?
Homens e mulheres precisam entender que,
independentemente das circunstâncias, a Bíblia sempre será a inerrante e
infalível Palavra de Deus. Mulheres e homens não devem “legislar” em causa
própria, e sim aceitar o que a Palavra do Senhor assevera acerca da priorização
e da hierarquização estabelecidas pelo Senhor na família e no ministério.
Alguém dirá: “Deus não faz acepção de
pessoas. Somos todos iguais. A Igreja não é como as forças armadas. Não existe
hierarquia no meio do povo de Deus. Homens e mulheres podem ser pastores”. Quem
diz que Deus não hierarquiza e prioriza deveria estudar passagens como Gênesis
1; Números 2; Atos 15.6,22; 1 Coríntios 12.28,29; 15.23; 1 Tessalonicenses
4.16,17; 5.23, etc. Observe especialmente os termos “primeiramente”, “em
segundo lugar”, “em terceiro lugar”, “depois”, etc.
Em Isaías 43.7 está escrito: “a todos os
que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória; eu os formei,
sim, eu os fiz”. O ser humano não foi apenas criado por Deus. Ele foi criado,
formado e feito para a glória do Senhor. Um edifício, antes de ser formado e
feito, é criado por engenheiros e arquitetos, que fazem, antes da construção, o
croquis, a planta, o projeto, etc. Formar é dar forma ao que foi previamente
criado, concebido, projetado. A feitura, mencionada no texto bíblico, diz
respeito ao acabamento da obra (cf. Gn 2.3).
Quem foi criado primeiro, o homem ou a
mulher? Nenhum dos dois, pois ambos fizeram parte do projeto original de Deus.
Na criação não houve priorização: “macho e fêmea os criou” (Gn 1.26). Quem foi
formado primeiro? O homem. Segue-se que a priorização divina ocorreu na
formação, e não na criação: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (1
Tm 2.13). Por que o Senhor não formou primeiro a mulher e, depois, tomou uma
das costelas dela para formar o homem? Porque Ele é soberano e decidiu
priorizar o homem (Gn 2.7,22).
No cristianismo genuíno não há espaço
para machismo e feminismo, movimentos extremados que ignoram o princípio divino
da prioridade. O primeiro adota o princípio da superioridade e considera a
mulher inferior ao homem, enquanto o outro, adotando o mesmo princípio,
demoniza o homem. No Corpo de Cristo, há lugar para ambos os sexos, desde que
reconheçam, à luz das Escrituras, a sua posição.
Reconheço que muitos homens cristãos
precisam reconsiderar a sua opinião acerca das mulheres, que, ao longo dos
séculos, vêm sendo discriminadas, principalmente no meio religioso. Por que
muitas irmãs em Cristo não aceitam a doutrina de Deus (e não de homens) quanto
à submissão ao marido? Porque muitos esposos, autoritários, se consideram
superiores às suas esposas e as desprezam.
Segundo a Bíblia, a relação entre homem
e mulher deve ser, antes de tudo, de respeito mútuo (1 Co 7.3-5). Deus formou
Eva a partir de uma das costelas de Adão (Gn 2.18-22) para demonstrar que a
mulher não deve estar nem à frente nem atrás do homem, mas ao seu lado e de
frente para ele, como adjutora e ajudadora, o que não denota inferioridade.
Observe que Deus, infinitamente superior ao ser humano, é o nosso Ajudador (Hb
13.5,6).
Paulo compara a submissão da mulher à
sujeição de Jesus (1 Co 11.3). Deus Filho e Deus Pai fazem parte da Trindade e
são iguais em poder (Mt 28.19; Jo 10.30). Todavia, Cristo, por amor, e não por
imposição do Pai, submete-se voluntariamente a Ele, recebendo dEle toda a honra
(Fp 2.6-11). A Palavra do Senhor também afirma: “assim como a igreja está
sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus
maridos” (Ef 5.24). E Cristo não obriga ninguém a obedecê-lo.
A Bíblia não abona o igualitarismo
feminista, mas também não avaliza o machismo. O termo “vaso mais fraco” (1 Pe
3.7) não foi empregado como sinônimo de inferioridade. Ele denota que a mulher
é mais frágil, mais sensível e, por isso, deve ser amada e honrada pelo marido
(Ef 5.25-29). Repito: o princípio que Deus adotou foi o da prioridade, e não o
da superioridade, visto que Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34). E o
princípio da prioridade também vale para o exercício do ministério.
Quem não aceita o princípio bíblico da
prioridade abraçará, inevitavelmente, “doutrinas de homens”, como o
igualitarismo feminista. Alguns teólogos, ao não encontrarem nas Escrituras
passagens claras em defesa do ministério feminino, têm afirmado que Paulo era
contrário às mulheres, em razão de sua formação farisaica. Isso não resiste a
uma exegese, pois nenhum machista aconselharia os homens a amarem a sua própria
mulher (Ef 5.25), tampouco teria tantas mulheres como cooperadoras (Rm 16).
Ademais, esse apóstolo se declarou imitador de Cristo (1 Co 11.1).
Se Paulo era machista, o que dizer de
Jesus, que escolheu doze homens para compor o ministério da igreja nascente?
Ele teria se enganado? Ou o Mestre tinha algum vínculo com fariseus, saduceus
ou quaisquer grupos machistas de sua época? A Bíblia diz claramente que o
Senhor “chamou para si os que ele quis” (Mc 3.13). Por que Ele não quis chamar
algumas mulheres para figurar entre os seus apóstolos? Por que não chamou seis
casais, por exemplo?
Na escolha dos primeiros diáconos, que
poderiam vir a ser presbíteros ou apóstolos, caso tivessem chamada de Deus para
tal e servissem bem ao ministério (Hb 5.4; 1 Tm 3.13), os apóstolos disseram:
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões” (At 6.3). No primeiro
concílio, em 52 d.C., os rumos da igreja foram traçados por homens (At 15). Em
Apocalipse 2 e 3, são mencionados os pastores (homens) das igrejas da Ásia.
Alguns teólogos dizem que Júnias (ou
Júnia) era uma apóstola. Mas, pelo que tudo indica, ele (e não ela) era apenas
um cooperador de Paulo. Mesmo que Júnias fosse uma mulher, o texto bíblico não
confirma o seu apostolado, pois não era comum uma mulher ficar presa com
homens: “Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na
prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em
Cristo” (Rm 16.7). Distinguir-se entre os apóstolos não significa,
necessariamente, exercer o apostolado. Marcos e Lucas, por exemplo, não eram
apóstolos e se distinguiram se notabilizaram, entre eles.
Nos tempos da igreja primitiva, as
mulheres se ocupavam da oração (At 1.14) e do serviço assistencial (At 9.36-42;
Rm 16.1,2). E algumas se notabilizaram como fiéis cooperadoras do apóstolo
Paulo, como Febe, Priscila, Trifena, Trifosa, etc. (Rm 16), além de Lídia, a
vendedora de púrpura (At 16.14). Não há nenhuma referência a mulheres exercendo
atividades pastorais. Alguns defensores do pastorado feminino afirmam que
Priscila era uma apóstola, mas, a despeito de ela ter sido citada com destaque
(At 18.26), não há nenhuma referência que confirme seu apostolado.
“E as mulheres que estão no campo
missionário dando a sua vida pela obra de Deus? Não podem elas exercer o pastorado?”,
alguém perguntará. É claro que as regras têm as suas exceções. Mas não devemos
nos valer destas para adotar condutas generalizantes, sem compromisso com as
Escrituras, como o pensamento infundado de que todas as esposas ou filhos de
pastores são automaticamente pastores.
Conquanto as mulheres sejam mencionadas
com grande destaque nas páginas do Novo Testamento, aparecendo na linhagem e no
ministério de Cristo (Mt 1.3,5,6,16; Lc 8.1-3), Deus priorizou os homens, em
regra geral, no que tange ao pastorado e aos ministérios afins (Ef 4.8-11). Mas
isso não significa que as mulheres não podem trabalhar para Deus.
Todos os salvos são cooperadores de Deus
(1 Co 3.9). Mas precisamos aceitar a chamada soberana do Senhor para a nossa
vida. Não devemos amoldar a Bíblia ao nosso modo de pensar nem às influências
filosóficas prevalecentes no mundo. Por mais que nos sintamos contrariados,
devemos renunciar o nosso eu (Lc 9.23), a fim de obedecermos à vontade de Deus,
que é boa, agradável e perfeita (Rm 12.1,2).
Pra refletir
Ciro Sanches Zibordi
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