Pelo amor ou
pela dor
Você já
ouviu falar que aprendemos pelo amor ou pela dor? Acredita que podemos aprender
tudo pelo amor? Eu, particularmente, acho que ainda não. A experiência de cada
um de nós demonstra que costumamos aprender muito mais rápido pela dor do que
pelo amor.
Desde
crianças temos a oportunidade de aprender através do amor. São os conselhos e
ensinamentos exaustivos do pai e da mãe, os exemplos, as lições que recebemos
dos mais velhos. Alguns nós seguimos. Muitos outros nós não seguimos. E
aprendemos com nossas próprias experiências. Às vezes repetimos as mesmas
experiências de nossos pais, sendo que seria fácil para nós ter aprendido com a
experiência deles.
Mas não dá
pra negar a capacidade que a dor tem de nos ensinar. É que a dor, pelo menos
neste nosso planeta, é mais experiente que o amor. A dor pega você de jeito,
como quem não quer nada, e quando você vê está pronto para refletir.
O que o amor
levaria meses para explicar, a dor demonstra em alguns minutos. O que o amor
levaria várias décadas para ensinar, a dor ensina em alguns dias. A dor chama
para si, obriga a sentar e ouvir. Com a dor física, você percebe que está
abusando do corpo. Com a dor da saudade, você valoriza quem está longe. Com a
dor do arrependimento, você reconhece o erro e se propõe a consertá-lo. Com a
dor da solidão, você se dá conta de que não é uma ilha, de que não se basta
sozinho. Com a dor do coração você nota que não é como gostaria de ser, que é
bem mais falível susceptível e sensível do que costuma pensar.
A dor
arranca o seu disfarce. E você se vê como é de verdade. E, não importa como
você seja o fato é que você é único. E só sozinho num imenso universo. O único
responsável por você mesmo. Autor, ator e crítico do próprio espetáculo. Deus
esta apenas no comando de tudo Você é responsável pelo seu corpo, é você que
deve cuidar dele. Você é responsável por seus sentimentos, e deve aprender a
lidar com situações conflituosas como solidão, saudade ou abandono. Você é responsável por seus pensamentos, palavras e
ações, e está sujeito a fazer coisas de que se arrependerá como, ofender alguém
que mesmo nos perdoando nunca mais será a mesma.
E ao
perceber que você é o único responsável por sua própria vida, você então
permite ao outro que ele seja como ele é. Porque o outro também é o único
responsável pela vida dele. O outro não tem o direito de influenciar a sua
vida, a não ser que você permita. Do mesmo modo, você só vai influenciar a vida
do outro se ele permitir.
E se você
quer ser livre precisa saber que só existe liberdade onde houver tolerância. Se
você não permite que o outro seja como ele é, se você não aceita que o outro
seja diferente de você, você está preso ao outro. Está preso porque há uma
questão mal resolvida que exige solução. A liberdade em relação aos demais só é
alcançada se houver tolerância.
A dor é um
mecanismo que serve para orientar, como uma bússola. Sempre que houver um
desvio da rota, a dor alerta. Você pode ignorá-la por um bom tempo. E quanto
mais você a ignora, mais forte ela fica, mais potencial de ensinamento ela
adquire.
É claro que
um dia aprenderemos mais com o amor. Aprenderemos mais facilmente, mais
docilmente. Mas em nosso estágio evolutivo a dor ainda é de extrema utilidade.
Sem ela, levaríamos muito mais tempo para aprender qualquer coisa. Não
sentiríamos necessidade alguma de refletir.
Não
lembraríamos que lá no céu no trono esta o Deus poderoso seu nome é Jeová. Não
reclame da dor, aprenda com ela.
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