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"Os que confiam no Senhor são como monte de Sião, que não se abalam mas permanecem para sempre"

sábado, 28 de junho de 2014

Digo eu não o Senhor

Em 1 Coríntios 7:12  Paulo escreve algo que não pode passar despercebido: “Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone”. Às vezes fico pensando o quanto se abre a boca para dizer: “assim diz o Senhor” quando não passa de um “digo eu, não o Senhor”. A contribuição do apóstolo Paulo para a igreja é indiscutível. Seus escritos tornaram-se fundamento doutrinário sobre o qual nos alicerçamos (Efésios 2.20) e, como ele mesmo escreve: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,  para a educação na justiça” (2 Timóteo 3:16). Certamente essa declaração inclui suas cartas. Mas Paulo não se valia da autoridade apostólica para escrever suas preferências pessoais como se fossem mandamentos de Deus (1 Coríntios 7.6; 2Coríntios 8.8). Na verdade eu entendo que até ao escrever a passagem que nos serve de tema neste artigo, Paulo o faz como um ato de inspiração. Não há problema algum em termos opiniões e até pontos de vista pessoais acerca de determinados assuntos. O grande problema é quando deixamos nossos recalques, frustrações e áreas não tratadas pelo Espírito Santo “vazarem” e se “infiltrarem” na maneira como interpretamos Deus e Sua Palavra. Muito da forma como vemos e pregamos Deus não passa de pontos de vista pessoais que consagramos e universalizamos como um padrão inquestionável a ser aceito pelas pessoas. Se formos duros e intransigentes, acabamos por mostrar um Deus sempre irado, punitivo, vingativo e reprovativo. Se formos complacentes e frouxos em nossos padrões morais e éticos, tendemos a falar de um “deus-avô”, tolerante e bonzinho, uma espécie de “deus-paz-e-amor”. Jesus censurou fortemente os intérpretes da Lei por ensinarem “doutrinas que são preceitos de homens” (Mateus 15:9).  O Mestre chega a dizer que muito do que ensinavam era sobrecarga: “Mas ele respondeu: Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais” (Lucas 11:46).  Jesus ensina que ou abraçamos os mandamentos de Deus ou nos apegamos às doutrinas humanas: “Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição” (Marcos 7:8,9). Admiro a franqueza de Paulo ao admitir: “digo eu, não o Senhor”. Ele não temia que sua autoridade fosse violada. Sabia separar opiniões pessoais de mandamentos divinos. Uma boa lição para os pregadores de hoje, não? A igreja cristã deixou-se enganar quando permitiu a ideia de que tradições humanas se colocassem acima da autoridade das Escrituras. Pior, deixou-se corromper quando deu a homens a prerrogativa de serem “infalíveis” – foi o que ocorreu em 1870 quando o papa Pio IX proclamou a doutrina da infalibilidade papal. Homens corruptos manipularam as Escrituras de acordo com seus interesses mesquinhos. Deus sempre levou muito a sério o papel do profeta, pois este nada mais é do que a Sua boca na terra, uma espécie de caixa acústica por meio de quem os oráculos divinos reverberam. A ideia é que Deus colocava as Suas palavras na boca de instrumentos humanos, o que trazia sobre essas pessoas um enorme peso de responsabilidade. Infelizmente, para muito, essa ordem se reverteu: no lugar de Deus colocar Suas palavras na boca dos homens, eles é quem passaram a colocar suas palavras na boca de Deus! Eu entendo que precisamos de mais coragem para dizer: “digo eu, não o Senhor” do que para dizer: “assim diz o Senhor”, pois tememos que nossas palavras não sejam aceitas por não soar como mandamento. Precisamos ser mais honestos, mais leais com as pessoas. Não podemos entrar no jogo de poder e de manipulação para conseguir o que queremos. Jesus fala do juízo que enfrentamos por cada palavra frívola que proferimos (Mateus 12.36. Leia também 2Timóteo 1.6). Não precisamos mudar o tom ou entonação de voz e muito menos usar uma linguagem arcaica para dar às nossas declarações um aspecto divino. Não podemos transformar nossas experiências pessoais e nossas preferências com usos e costumes em mandamento. Devemos ensinar as pessoas a serem criteriosas com o que ouvem. Essa lição os nossos irmãos de Beréia nos ensinam muito bem (Atos 17.11. Leia também Efésios 4.14)! “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Coríntios 10:15). Sejamos prudentes e suficientemente maduros para beber a água e discernir o sabor do barro com o qual é feito o vaso que a deposita – ou para ser mais bíblico, ouçamos as profecias e julguemos sua procedência: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1 Coríntios 14:29); “julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1 Ts 5:21). Mas que sejamos corajosos para admitir se o que sai da nossa boca é uma palavra nossa e não do Senhor. Isso não significa que um “digo eu, não o Senhor” não deva ser observada. Creio que Deus nos dá sabedoria para administrarmos questões locais ao darmos direções específicas, pontuais, de foro cultural e circunstancial. Aqui entra em ação o critério do bom senso. Há coisas que a Bíblia não diz claramente ser pecado, mas sua prática foge completamente do bom senso cristão. Há atitudes que não cabem na vida de um servo ou serva de Deus (1Coríntios 6.12). O Livro de Provérbios trás o conceito de “entendimento” (Provérbios 1.2b; 2.2) significando “discernimento” ou “senso” (Provérbios 10.13). O sábio tem a mente treinada para compreender o que cabe a um justo de Deus e ou o que é proveniente de um ímpio. Um “digo eu, não o Senhor” pode ser mais proveitoso na boca de um homem ou mulher ungidos  por  Deus, do que um “assim diz o Senhor” nos lábios de um falso profeta. Pra refletir.        
Fonte: marcosarrais.com.br



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